sábado, 2 de outubro de 2010

Saudade, Você sabe onde ela mora?



Talvez seja a SAUDADE, entre tantos substantivos abstratos, a palavra mais usado no vocabulário dos poetas, tanto pela facilidade da rima quanto pela carga de sentimentos que traduz.
 Os gramáticos que me perdoem... Para mim ela não é abstrata; pois existe, maltrata, fere e prolonga os sofrimentos. E.. coisa curiosa: Jamais ouvi alguém falar sobre o enterro da SAUDADE.

Etmologicamente falando, o vocábulo SAUDADE é de origem exclusiva da LÍNGUA PORTUGUESA e sem tradução em outro idioma falado em nosso planeta. Vem de “ SOLUS” que significa “sozinho”, acompanhando as diversas transformações lingüísticas, até chegar ao termo definitivo; SAUDADE.

No BRASIL esta palavra tomou uma conotação especial pela mistura de três raças:
A BRANCA que nos trouxe de PORTUGAL o sentimento da pátria distante, muito além do mar.
A NEGRA que transportou da AFRICA o lamento da escravidão nos porões dos navios negreiros.
A INDÌGENA que nos legou o sentimento de liberdade e o amor á natureza.
E no caldeirão destas três raças a SAUDADE se estabeleceu no coração dos brasileiros .

SAUDADE não é tristeza, mas a tristeza veio morar perto dela.
Não é amor , mas qual o amor que não sente SAUDADE ?
Não é todo tempo, mas todo instante resgatado dos escombros de um adeus.

E  a casa da SAUDADE? Você sabe onde ela mora?
Se essa casa existe , tem com certeza o chão de um bem querer sofrido, e alicerces escavados nas paredes do coração.
Querendo conhece-la, abra as portas e janelas do seu coração. Porém ... cuidado! Ela pode arruinar todos os seus momentos de amor bem vividos.
Se não quiser mais sofrer , ausente-se daquela casa, deixe para trás seu carrossel de ilusões antes que seja tarde demais.

Ninguém melhor do que o poeta e repentista Pinto do Monteiro quando define a SAUDADE através de uma sextilha rica de conteúdo e de significação humana:

“Esta palavra SAUDADE
Conheço desde criança.
SAUDADE de amor ausente
Não é SAUDADE
É lembrança.
SAUDADE só é SAUDADE
Quando morre a esperança”

Sexta-feira , 27 de Agosto de 2010

2 comentários:

QuelR. disse...

Aos olhos da saudade o mundo é bem pequeno, nada faz sentido, tudo te leva a um universo parelelo, a um lugar distante.

PEPITA LINS disse...

No meu peito a saudade ainda mora
dilacera e arrebenta o coração
pois quem amo bateu asas foi embora
me deixou nessa amarga solidão.

e agora vivo eu sem ter destino
sem certeza doque quero e do que faço
só o desejo de te ver no meu caminho
e a vontade de cair no teu abraço.

se eu soubesse que a saudade assim doia
e que de te tão distante eu ficaria
não teria te dado a minha paz

e agora coração ta em perigo
machucado, confuso ta doido
ta sofrido por tão só te amar damais.

Pepita Lins_ Parabéns D.Dulce suas crônicas são inspiradoras... Abraços Poéticos...