sexta-feira, 15 de julho de 2011

Depois que a chuva termina

 (Paráfrase do poema “Depois que a feira termina”, de Dedé Monteiro)

 Depois que a chuva termina

Esbraveja o carroceiro
Por essa chuva tardia.
A mulher de Zacaria
Que estava lá no terreiro,
Escorrega no atoleiro
E grita: “Traz a botina,
Quanto é triste a minha sina!”
Foi se esconder na cozinha;
E só sai de tardezinha
Depois que a chuva termina.


A mãe diz: “chegou a hora
Do teu transporte escolar.
Sem mesmo a chuva passar,
Veste a roupa sem demora,
Pega a bolsa e vai-te embora.”
O motorista buzina,
Mas no lamaçal da esquina,
Nem pra frente e nem pra trás...
E a mãe só se sente em paz
Depois que a chuva termina


No burburinho da feira,
Sobe gente e desce gente,
Embora o sol seja quente,
Continua a lamaceira.
Quem compra sai na carreira,
Quem vende espera a neblina.
Nessa “vida Severina”
Abre os braços numa prece,
E pra Deus só agradece
Depois que a chuva termina.

Um rapaz c’a namorada,
Moça bonita e manhosa,
Recebe dele uma rosa
Debaixo de uma sacada.
De uma nuvem escancarada
Lá vem chuva grossa ou fina.
Mas o casal faz cortina
 De beijos à flor das águas...
E o vento carrega as mágoas
Depois que a chuva termina.
 



Ouço o sino bem cedinho
Lá na torre da igreja,
Tocando pra quem deseja
Palmilhar o bom caminho.
Sacristão pisa mansinho,
Vigário veste a batina,
Mas pra santa pequenina,
Seja noite ou seja dia,
Só repete Ave-Maria
Depois que a chuva termina.

“Vai ter circo na cidade”,
O carro passa avisando.
É menino saltitando,
Velho esquecendo a idade...
Que festa pra mocidade!
Acende-se a lamparina
Do circo lá na colina.
Vem trovão apaga a luz.
E o povo diz;” credo em cruz”
Depois que  chuva termina.

                     Dulce Lima, julho 2011


terça-feira, 5 de julho de 2011

O PRIMEIRO SÃO JOÃO DO PILATES

Uma festa de São João genuina, isto é, sem mistura de novidades modernosas, tem cara de sítio ou fazenda, terreiro molhado, estrada de terra batida, fogueira acesa e a meninada viajando na fantasia das chuvinhas, rojões, traques e vulcões.
Ali, nada é artificial, desde a comida(huum... que gostosura), o cheiro do mato,  o forró pé-de-serra e o abraço dos amigos na alegria dos festejos juninos na zona rural de Tabira.
Na grande e acolhedora casa de campo, os anfitriões Dr. Ubirajara, Nevinha Jucá, a fisioterapeuta Dra. Socorro( Cocoia ) Evandro e Rodrigo nos receberam com afeto e nos deixaram à vontade para a festança que aconteceu no dia 17/06/2011.
A turma do PILATES compareceu com entusiasmo,  provando que mobilidade física é questão de força de vontade, persistência e  confiança no trabalho  serio de um bom fisioterapeuta.
Depois das comedorias juninas, caldinhos fumegantes, churrasco  e salgadinhos diversos, a Sra. Ozita anuncia o casamento matuto com noiva eufórica (Nádia Soares), noivo superansioso( Ângela, lembrando o saudoso Prof. João Gabriel), padrinhos atrapalhados e um padre ( o comerciante Pedro Bezerra) muito consciente na missão de abençoar os noivos como símbolo cultural de resistência dos folguedos mais puros do sertão nordestino.
A noite prossegue animada com um jantar regional e outras iguarias feitas pela também aluna do Pilates e mestra gastronômica de nossa cidade- Albanete- que ao lado do esposo distribuiam ambos  sorrisos e simpatia.
Num certo momento da festa, os convidados se "axadrezaram" , formaram os pares e dançaram a menos ensaiada quadrilha do São João tabirense.
Mas  ainda faltava a presença de alguém especial quando Ozita avisa a Dani ( funcionária e amiga do Pilates) para nos apresentar o esquentado  "Joãozinho",  cavalheiro que arrebatou todas as damas para  um forró fungado no meio do salão.
Não fiquei até o final, porém , através do que me relataram,  a festança foi até às 04 da matina com muita animação , forró de Zeira e chuva que molha e alegra o sertão.