domingo, 31 de outubro de 2010

CHEGADA A MONTREAL(CANADÁ)


12/10 CHEGADA A MONTREAL
Chegamos pela madrugada no aeroporto de Montreal. Estávamos no Canadá e o clima já mostrava anúncios de muito frio.
Conhecida como a cidade dos santos, Montreal possui  inúmeras igrejas e basílicas, entre elas a Basílica de Notre Dame de Montreal. O idioma mais falado é o francês. O dólar canadense não faz muita diferença do dólar americano e as lojas fazem a transação comercial tranquilamente e sem prejuizos para o cliente.
Montreal é a maior cidade da província canadense de Quebec, a 2ª mais populosa  cidade francófona do mundo e o 3º maior pólo turístico do Canadá, atrás de Vancouver e Toronto.
Bom mesmo é a sopa que esquenta. O vinho também.

13/10
Hoje o dia foi bem movimentado. Passeio  e compras na cidade pela manhã. À tarde, city-tour, e à noite fomos a um evento religioso  na Basílica de Notre Dame de Montreal que é um monumento  também histórico  que registra os primeiros passos da fundação de Montreal. É linda, rica, majestosa.Por dentro,  mais bonita que a Notre Dame de Paris, embora a de Paris seja mais imponente e mais bonita por fora.
As árvores, as folhas, os parques, o outono com cair das folhas... tudo é um deslumbramento!
Conhecemos um pouquinho a cidade subterrânea onde está localizado o maior Shoping Center subterrâneo do mundo com 1600 lojas.
O Estádio Olímpico possui a maior torre inclinada do  mundo com 170 m de altura.
Encerramos a noite com um bom vinho num restaurante bem simpático ; e para surpresa nossa fomos atendidos por uma nordestina da Bahia que estava trabalhando em Montreal.
Apesar do clima frio, Montreal é uma cidade bonita, florida, humana; onde tudo parece funcionar bem.
Desde o transporte público,Educação,  segurança e serviços essenciais, Montreal  pode servir de exemplo a muitos lugares ,  do mundo, pois não há miséria, praticamente nenhuma violência; e é uma  que dá chances a todos desde que estejam  dispostos a trabalhar e respeitar suas leis.
Há uma frase muito freqüente nessa região do país, presente até na placa dos automóveis que diz:  Quebec, Montreal, jê me souviens, que significa: Quebec, Montral. Eu me lembro
É impossível  não recordar MONTREAL.



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

VIAGEM A CHICAGO


Chicago, a cidade dos ventos

Iniciamos a nossa tão sonhada viagem a Chicago em 07/10/2010. Fizemos o seguinte roteiro: Recife/ S Paulo/ Chicago, capital do estado americano de Illinois, gastando um total  de 14 horas de viagem.
Nosso objetivo inicial era participar mais uma vez da grande emoção  que é torcer pelos maratonistas pernambucanos fora do país.
Júlinho, Jaqueline e Marinês representavam a ACORJA com grandes expectativas e muita ansiedade. Todos nós, corredores e incentivadores incluindo os amigos Edilson  a outra  Jaqueline, a nora Christianne e Germana que ia pra meia maratona ,  aguardávamos a chegada de mais um maratonista - Paulo Picanha para a alegria ser completa. Mas, assim não aconteceu, pois ele foi acidentado em Orlando e passou vários dias na UTI, em situação crítica. Os maratonistas perderam grande parte do entusiasmo. Era visível a tristeza de todos.

Dia 10/10/10   33ªMARATONA DE CHICAGO
Saímos às 6,30 da manhâ. Não fazia frio e o sol prometia ser  o campeão nº 01 do grande evento que é a MARATONA DE CHICAGO, uma das cinco mais importantes do mundo. De fato, o dia ensolarado emprestou um colorido especial aos milhares de atletas que se encaminhavam para mais uma maratona- o esporte que une corredores do mundo inteiro numa fantástica comemoração pelos índices alcançados ou simplesmente pela superação dos seus próprios limites.
A festa é incrível: Pessoas portam bandeiras, filmam,  fotografam. Outros se acotovelam para ver melhor a passagem dos atletas. Algúem passa vestido de TORRE EIFFEL, em me distraio e Julinho passa sem tempo para uma foto. Mesmo assim eu penso: Tabira passa por mim...
O sol se espalha todo e me traz a lembrança do nosso querido sertão. Um corredor de mais idade  tenta atravessar a linha de chegada, mas as pernas fraquejam. A polícia somente olha e aguarda a decisão do atleta, até que uma jovem corredora passa os braços pela cintura do maratonista  e os dois bastante aplaudidos completam a corrida com muito orgulho.
Aguardamos Julinho e logo após os outros acorjianos que concluiram com sucesso mais uma maratona nos seus currículos. Não houve a costumeira comemoração com uma cervejinha. Todos nós sentíamos falta  do amigo  e  entusiasta Paulo Picanha. Para ele, o carinho das nossas preces para uma breve recuperação.

Visitamos o FIELD MUSEUM, o MILLENNIUM PARK, o Museu astronômico e o Navy Pier que é um grande e belo parque com roda gigante e muitas  outras atrações. De lá, saímos para um maravilhoso passeio de barco no Lago Michigan.
Conhecemos ainda o observatório de Chicago de 96 andares que embora não seja o edifício mais alto do mundo , é o que tem a melhor vista de Chicago em 360 graus.
A arquitetura de Chicago é a mais influente do país, bem como uma das mais importantes do mundo. É pioneira na construção de grandes arranha -céus com esqueleto central de aço.
Sempre fui mais ao lado da beleza natural; mas confesso que fiquei encantada com a beleza criada pelos arquitetos de Chicago, a cidade onde o futuro já é presente.





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sábado, 2 de outubro de 2010

A visão de um arco-íris

A visão de um arco-íris
No céu esgarçado de um novo verão,
Bordando as nuvens delicadamente,
Um arco-íris, que bela visão!
Olha pra mim mas não diz o que sente!
Da serra escorre mais brilho no chão...
Porém tudo se vai tão de repente,
Que o arco de luz apaga o clarão
Enquanto eu te faço um verso... somente!
                     Dulce Lima  ( Viagem Recife  - Tabira, em 24/09/2010)

O arco íris é um fenômeno que só a natureza pode nos proporcionar, são imagens lindíssimas que chamam a atenção de todos, mas que só acontecem quando o tempo está chuvoso e ao mesmo tempo com sol, pois o arco íris na verdade se forma quando o sol brilha sobre as gotas de chuva.

As cores formadas por este fenômeno são: Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Quando olhamos para um arco íris muitas vezes não conseguimos enxergar todas estas cores, isso porque as cores se misturam umas nas outras e ficando em evidência apenas as cores mais fortes. Veja nas imagens abaixo como são lindos!





 
Sábado , 25 de Setembro de 2010

O RISO DE UMA BONECA


Hoje, num velho baú,
prisioneiro de lembranças,
encontrei minha boneca.
Sem braços,pernas quebradas,
corpinho todo arranhado;
na cabeça grandes sulcos
iam de um lado pra outro.
Vestido roto, sem graça,
mostrando que o tempo passa,
e ao passar leva tudo
até mesmo uma boneca.

Só uma coisa não mudou
no rostinho cor de rosa
daquela linda boneca
que acompanhou minha infância:
foi o riso sem mistério,
moldado no celulóide,
hoje, brinquedo de plástico,
grande invento que surgiu
há quantos anos?...não sei,
pra contentar quem não tinha
ricas bonecas de louça.

Numa barraca de festa
plantada no meio da praça,
bem exposto lá estava
Tão desejado brinquedo...
“ Compra mãe, eu já cresci
mas mesmo assim nunca tive
boneca sem ser de pano.”
E minha mãe só carinho,
renúncia , bondade e amor,
atendeu sem mais delongas
meu insistente pedido.

Aquela boneca foi
companheira e confidente
no aconchego feliz
de quem soube ser criança.
Mas o tempo, infelizmente,
na sanha de tudo levar,
arrancou das minhas mãos
o que sobrou do brinquedo
e fez dele mil pedaços.
Só não apagou o riso
da minha linda boneca.

Quem dera um minuto apenas
pra no tempo retornar,
vestir a minha menina
do colorido dos sonhos,
sem esquecer na cabeça
um chapéu feito de nuvens.
Nos seus cabelos de anjo,
fitas da cor do luar...
Dormir abraçada a ela
e acordar vendo o sorriso
da minha eterna boneca.
                            
Dulce Lima
Tabira, Dezembro de 2003

Saudade, Você sabe onde ela mora?



Talvez seja a SAUDADE, entre tantos substantivos abstratos, a palavra mais usado no vocabulário dos poetas, tanto pela facilidade da rima quanto pela carga de sentimentos que traduz.
 Os gramáticos que me perdoem... Para mim ela não é abstrata; pois existe, maltrata, fere e prolonga os sofrimentos. E.. coisa curiosa: Jamais ouvi alguém falar sobre o enterro da SAUDADE.

Etmologicamente falando, o vocábulo SAUDADE é de origem exclusiva da LÍNGUA PORTUGUESA e sem tradução em outro idioma falado em nosso planeta. Vem de “ SOLUS” que significa “sozinho”, acompanhando as diversas transformações lingüísticas, até chegar ao termo definitivo; SAUDADE.

No BRASIL esta palavra tomou uma conotação especial pela mistura de três raças:
A BRANCA que nos trouxe de PORTUGAL o sentimento da pátria distante, muito além do mar.
A NEGRA que transportou da AFRICA o lamento da escravidão nos porões dos navios negreiros.
A INDÌGENA que nos legou o sentimento de liberdade e o amor á natureza.
E no caldeirão destas três raças a SAUDADE se estabeleceu no coração dos brasileiros .

SAUDADE não é tristeza, mas a tristeza veio morar perto dela.
Não é amor , mas qual o amor que não sente SAUDADE ?
Não é todo tempo, mas todo instante resgatado dos escombros de um adeus.

E  a casa da SAUDADE? Você sabe onde ela mora?
Se essa casa existe , tem com certeza o chão de um bem querer sofrido, e alicerces escavados nas paredes do coração.
Querendo conhece-la, abra as portas e janelas do seu coração. Porém ... cuidado! Ela pode arruinar todos os seus momentos de amor bem vividos.
Se não quiser mais sofrer , ausente-se daquela casa, deixe para trás seu carrossel de ilusões antes que seja tarde demais.

Ninguém melhor do que o poeta e repentista Pinto do Monteiro quando define a SAUDADE através de uma sextilha rica de conteúdo e de significação humana:

“Esta palavra SAUDADE
Conheço desde criança.
SAUDADE de amor ausente
Não é SAUDADE
É lembrança.
SAUDADE só é SAUDADE
Quando morre a esperança”

Sexta-feira , 27 de Agosto de 2010

Um tijolo de lembranças

Amolda-se o barro nas mãos do oleiro. Depois de domado e maleável, acomoda-se ao contorno de uma forma para o feitio dos tijolos.
Após o sol fazer a sua parte, é o tijolo queimado vivo para ressurgir não como cinzas, porém como sustentáculo no encaixe e arquitetura das paredes,  nas mãos caprichosas do pedreiro.
Assim estaria explicada toda a importância do tijolo na construção de uma casa ou de qualquer edifício público.
Acontece que hoje estou falando de algo especial: “um tijolo de lembranças...”
Quantos anos ele tem?
Talvez mais de um centenário.
Triste ao ver no chão aquela casa bem no meio da ladeira, logo após o sítio de Seu João Tecedor, guardei um tijolo de lembrança. E que lembrança!
TIO DIGU, sábio, de voz agradável  e de riqueza vocabular, contava histórias de “trancoso”  para crianças que, como eu, ficavam encantadas  com o mundo mágico criado pelas palavras daquele velho e autêntico agricultor sertanejo.
Se a casa não mais existe, se os tijolos se espalharam pelo antigo terreiro, se a palavra do meu tio o vendaval do tempo apagou do nosso imaginário, posso ainda dizer como um certo poeta disse: “ POVOA EM CADA CANTO UMA SAUDADE”.
O tijolo agora já  não ergue uma pequena parede; mas, para nós da família Pereira,ele é um paredão de lembranças com janelas para um passado feliz e cheio de recordações.
            Faço esta homenagem ao querido Tio Digu (Tio De todos) , meu professor  especial,  grande arquiteto da palavra. E aos primos e amigos que preservam no coração a saudade do sítio Pocinhos.

Tabira, 15/08/1997 e reescrito em 15/08//2010 ( 13 anos depois)

TEU ADEUS


Na viagem além dos sonhos,
Inda vejo as tuas mãos,
Asas de pássaro ferido
Acenando em despedida...
Triste tarde de um adeus
Sem promessas de retorno...
Só o murmúrio das ondas
Vem suave me lembrar
Que as marteladas da vida
São sargaços rastejantes,
Amordaçando a saudade
De quem vai
Ou de quem fica!
E a tarde
Que magoada
Esmorece
No horizonte,
Recolhe a tenda das horas,
Fecha o palco vespertino
E anoitece com a tristeza
De tuas mãos acenando!

(Mensagem feita pela morte da querida Aline Jucá em 1998)
 Tabira, 11/08/2010

UM SAPOTI NO SERTÃO

Tabira, 5 de agosto de 2010


 
Na concha da minha mão,
Uma fruta, o sapoti...
Quantos anos esperei?
Quantos verões castigaram
Ressecando o nosso chão?
Mas não boto a culpa em ti,
Teu berço é longe daqui...
Perdoa se te fiz mal;
Pois tu és tão suculento,
Tão doce, tão perfumado,
Que eu te trouxe pro sertão
Sem medir as conseqüências.

Um dia, junto a teu tronco,
Já cansada de esperar,
Numa prece agradeci
Pelas folhas, que beleza!
Mesmo sem frutificar.
Porem foi naquele instante,
Que eu olhei atentamente...
Chorei, sim, pela surpresa
Quando vi um sapoti
Lindo, pendendo de um galho,
Como um presente de Deus
Pelas mãos da Natureza!

Tabira, 5 de agosto de 2010

1ª MEIA MARATONA DE TABIRA

1ª MEIA MARATONA DE TABIRA
O maratonista pernambucano e tabirense Júlio Cordeiro e a ACORJA ( Assoc. dos Corredores da Jaqueira) realizam sábado, 31/07/2010, a    MEIA MARATONA  de Tabira com a largada no SÍTIO São Joaquim ( açude João Padilha) e o ponto de chegada na  Borborema ,distrito deste Município.
Por que novamente Borborema e não em outro local?
1º Porque é um lugar diferenciado dos demais pelo clima, a paisagem  e pelo verde resistente da caatinga nas encostas da SERRA DA BORBOREMA – cartão postal do sertão que divide a Paraíba de Pernambuco.
2 Os corredores vindos da Capital e os de Tabira e cidades vizinhas que aqui se encontram, têm como motivação as dificuldades que a serra oferece e a simples alegria de superar limites; tudo por um esporte sadio, limpo e pacífico, cujo prêmio principal é a vontade de participar e de concluir a corrida.
Já não é mais o “Festival de Inverno da Borborema”,é festival de quem tem asas nos pés, fé no coração e o desejo de abraçar velhos e novos amigos na terra da poeta  Carmem Pedrosa  que foi comparada a Mocinha de Passira pelo poeta Ivanildo Vilanova.
O evento conta com o apoio do primo e Secretário do Meio Ambiente Sandro Ferreira,também com o incentivo dos amigos e tabirenses, e dos familiares.Como mãe de Julinho agradeço a todos pela atenção, inclusive pela acolhida aos visitantes.

A melhor forma de homenagear a Borborema é citar estrofes da poeta Carmem Pedrosa (que também fez por muito tempo a ligação Recife /Tabira ),registradas em seu livro Vitória Régia, Olinda, 1993, pag. 19.
“ Eu encontro poesia
No nevoeiro cinzento,
Nesses rosários de estrelas
Que vejo no firmamento.
No vento que sopra brando,
Qual odalisca chorando
Sem revelar seu tormento!
             Nos pássaros da Borborema
             Porque despertam mais cedo,
             Vendo o sol por entre a serra
             Confabulando um segredo.
             Cantam contemplando a terra
              E a torrente que flutua,
              Soluça esperando a lua
              Que vem por trás do penedo.”
      

O RIO PAJEÚ!

  
                             Travessuras do Rio Pajeú em tempo de inverno


Um rio existe, de beleza e alumbramento. Forte, persistente: O Rio Pajeú.
Não um rio “cão sem plumas” como o Capibaribe de João Cabral, poeta pernambucano; mas um rio – fogoso corcel – que nas chuvas de inverno segura pelas crinas a impetuosidade da correnteza por sítios e cidades do Vale do Pajeú.
O rio afoito morde a réstia da lua refletida sobre o espelho das águas no final da tarde sertaneja. Ou, por vezes, é um rio-menino, alegre e brincalhão a espalhar espumas claras na geometria verde de suas margens.
Depois, já cansado das travessuras , o Rio tão cantado pelos poetas procura um porto seguro - A Barragem de Brotas - aqui no sertão, bem longe da grandeza ostensiva do mar. Só então o rio é ternura e abraço na manhã esgarçada de inverno.
Num leito de sonhos e de promessas, suas mãos inventam carícias nas águas fundas da  represa  não somente  feita de concreto; também de   muitas  esperanças  sobre um chão de pedregulhos.
Após um sono líquido no parapeito da Barragem de Brotas, a chuva  acorda o rio que feliz estende os braços como filetes de água, e pouco a pouco vai deslizando até escapar da imensa muralha que lhe prendia os passos.
O rio- andarilho, agora livre, desce, acompanha as curvas dos sítios e vilarejos, e leva  consigo o ruído das águas  la para as bandas de Carnaíba.
Não importa aonde vá, nem onde esteja Ele será sempre aquele que nos une:
 O RIO PAJEÚ!
( Crônica lida na FAFOPAI em 21/05/1996)
Publico esta Crônica na esperança de que um dia o Rio Pajeú  e seus afluentes  sejam  finalmente  despoluidos e protegidos  de toda ameaça  dos que não sabem  valorizar um bem  com que a Natureza sabiamente nos presenteou.
Estou pronta não só para abraçar o nosso querido Rio Pajeú, mas também para participar de campanhas em defesa do rio dos poetas.
Que graça tem o sertão sem o Rio Pajeú ? Vamos responder a esta pergunta...
Dulce Lima, 08/07/2010

Prece a S. Pedro

Chuvas

 (Em nome dos desabrigados de Palmares PE e cidades vizinhas)
Santo chaveiro do céu,
Pedro, me salva das águas,
também   das mágoas guardadas,
no cofre do coração;
pois só ele, este tesouro,
a  enchente não levou.
S. Pedro, o rio desce
Por baixo das bandeirolas
De uma rua que sonhava
Festejar o S. João.
Mas na trágica correnteza,
Tudo passa, nada resta:
A lancheira,
     A carroça,
         O berço,
              As lembranças postadas nos antigos álbuns de família.
                     As cartas de amor. As plantas do quintal, os bancos da praça...
Não S. Pedro,  a chuva não levou tudo:
Eu fiquei, sim,  para sentir  o que Paulo Coelho nos diz em um dos seus livros: “Na margem do Rio Pedra eu sentei e chorei .”
                                     Dulce Lima, Tabira 29/06/2010  ( Dia de S. Pedro) 

O Pássaro Pedreiro

Do pequeno sítio em Pocinhos, chega logo pela manhã a boa e surpreendente notícia: ''joão de barro'' começa a fazer sua casa no galho de uma mangueira.
Mais que depressa, organizo as minhas tarefas diárias e corro pra  ver o pássaro- pedreiro na incansável labuta de quem sonha em construir   um  belo ninho de amor.
Imaginem só! Até os pássaros entendem de barro molhado, estrutura de alicerce e paredes,  textura, alisamento, e de outras coisas mais ligadas à construção de uma moradia.
Como "quem casa quer casa", fiquei pensando que o pássaro- construtor estaria de casamento marcado, tamanha era a pressa em concluir o seu cantinho mesmo sem a ajuda da "joaninha de barro"; o que parecia estranho.
Passei um bom tempo a observar o vai-vem incessante do pedreiro, trazendo no bico ora barro molhado do açude ali pertinho, ora gravetos para a feitura daquela casa. Paredes, porta, divisão interna, o chão macio ...  e os últimos retoques. A obra finalmente ficou pronta. Que pássaro  inteligente e curioso. Merece ser admirado e,  para sempre,  preservado!
O arquiteto e amante fiel bate as asas de contente;  o seu canto é uma gargalhada. E com ele,  o sítio também suspira de alegria. A mangueira solitária e improdutiva balançou-se toda orgulhosa já antevendo as aventuras dos filhotes nos seus frondosos ramos. 
Mas, e a amada ,   "a joaninha de barro",  onde  estaria? Por que não aparecia para que juntos agitassem harmoniosamente as asas na  pura aquiescência do amor?
Voltei lá outro dia e presenciei o voo solitário do "joão de barro" pela última vez.
O lar está vazio e  triste: Sem dona de casa, sem canto de pássaro, sem o aconchego do casal. A chuva impiedosa e constante tenta estragar as paredes e o teto da casa; porem , o ninho feito com tanto carinho e cuidados  ainda resiste aos temporais, na esperança de de um breve reviver daquela   linda história de amor.
Não sei de fato o que aconteceu.  Não tenho o dom de S. Francisco de Assis para entender a linguagem dos pássaros. João de barro costuma trocar de casa mas não de companheira,  assim me contaram,   pois é amante fiel.E a joaninha?, nem sempre...
 Com o passar do tempo, e cicatrizadas as feridas de uma paixão não correspondida,  vou pedir a "joão de barro" que ofereça  sua casa para outro casal de pássaros  em busca de aconchego. Se ele consentir,  ficarei bem feliz por mais uma graça que a mãe Natureza nos proporciona todos os dias.
E a mangueira com o ninho refeito e  toda sorridente,  talvez crie coragem de  florescer, e de  nos presentear com a benção de frutos doces e saborosos. Afinal, o amor faz milagres.

 Dulce Lima
Tabira, 27/06/2010

A Espiga de Milho

Com a proximidade dos festejos juninos , não poderia deixar de falar sobre o nosso principal produto agrícola:  o MILHO.
Toda a culinária sertaneja se volta para as comidas  à base do milho como a canjica, a pamonha, bolos diversos, munguzá, milho assado e cozido etc.
O cheiro gostoso dessas comidas também nos traz saudades da infância, das festas nos terreiros das casas, com fogueiras e a presença dos amigos e vizinhos . A simplicidade dominava tudo, enquanto mais um balão subia para competir com as estrelas.
Para homenagear o São João, deixo aqui uma crônica escrita em 17/05/1997

A ESPIGA DE MILHO
Nasceu de uma boa semente, aquele pé de milho. Magrinho e aprumado, logo se enfeitou de um belo penacho na cabeça.
Dias e mais dias olhava, curiosa, o pendão de milho, balançando-se ao vento prá lá e prá cá.
Certa manhã de inverno, quando a Serra de Solidão cachimbava o friozinho aconchegante do mês de maio, fui ver o pé de milho. Surpresa!... Uma linda espiga agarrava-se ao caule  o qual exibia vaidoso  bela veste de tiras longas e verdes.
Que coisa engraçada! a espiga parecia uma  bonequinha: frágil, tenra. De cabelos loiros e dentes de leite.
Os dias foram passando... e aquela menininha tão perfumada pelas gotas de orvalho crescia a olhos vistos. O seu cabelo foi mudando de loiro pra ruivo; de ruivo pra castanho; até que a mocinha virou uma linda mulher. Estava pronta para o milagre da vida ao debulhar-se toda na feliz multiplicação dos grãos.
Juntou-se a outras espigas companheiras, e nunca mais faltou "manjar no sertão: foi bolo de milho, mingau das crianças,  pamonha,  canjica , munguzá e outras iguarias de nossa culinária. E foi também a "alegria " dos sertanejos no calor das fogueiras e no ritmo cadenciado das quadrilhas juninas.
Depois, humilde, obedecendo ao ciclo da vida foi fubá, farinha e  ração para os animais. Seu vestido que antes era verde e brilhoso, agora é cor de palha;  e foi abandonado num canto do terreiro.
                 Quisera ser como aquela espiga de milho: debulhar -me toda para servir.
                 Servir indistintamente aos meus irmãos.
                 Acreditar que a promessa da semente não é diferente do milagre da Ressurreição.
                 Quisera envelhecer  sem "medos"e ser como a semente  para um   novo despertar.
                 Quisera enfim  ser simples, ser feliz como aquela ESPIGA DE MILHO!.
                                    
Dulce Lima, Tabira Pe, em 23/06/2010

Flor no Asfalto



Tabira-PE, 17/06/2010
Nem sempre conseguimos ver a beleza de uma flor silvestre, rompendo a dureza do asfalto à beira da estrada, por onde o progresso passa rápido.
Perdemos a capacidade de ouvir o cantar do galo cada vez mais distante da realidade urbana.
Temos pressa; e o mundo perdeu o instante mágico da tecla: PAUSE.
Ou fomos nós que deixamos de ser Arautos das boas imagens e da reflexão sobre a vida cotidiana?...
Um convite: Venha visitar, ler e ver Retratos e Retalhos das pequenas coisas da vida.
O álbum não está concluído. Aguardamos a sua participação.
Grata.
Dulce Lima.
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