sábado, 2 de outubro de 2010

O RIO PAJEÚ!

  
                             Travessuras do Rio Pajeú em tempo de inverno


Um rio existe, de beleza e alumbramento. Forte, persistente: O Rio Pajeú.
Não um rio “cão sem plumas” como o Capibaribe de João Cabral, poeta pernambucano; mas um rio – fogoso corcel – que nas chuvas de inverno segura pelas crinas a impetuosidade da correnteza por sítios e cidades do Vale do Pajeú.
O rio afoito morde a réstia da lua refletida sobre o espelho das águas no final da tarde sertaneja. Ou, por vezes, é um rio-menino, alegre e brincalhão a espalhar espumas claras na geometria verde de suas margens.
Depois, já cansado das travessuras , o Rio tão cantado pelos poetas procura um porto seguro - A Barragem de Brotas - aqui no sertão, bem longe da grandeza ostensiva do mar. Só então o rio é ternura e abraço na manhã esgarçada de inverno.
Num leito de sonhos e de promessas, suas mãos inventam carícias nas águas fundas da  represa  não somente  feita de concreto; também de   muitas  esperanças  sobre um chão de pedregulhos.
Após um sono líquido no parapeito da Barragem de Brotas, a chuva  acorda o rio que feliz estende os braços como filetes de água, e pouco a pouco vai deslizando até escapar da imensa muralha que lhe prendia os passos.
O rio- andarilho, agora livre, desce, acompanha as curvas dos sítios e vilarejos, e leva  consigo o ruído das águas  la para as bandas de Carnaíba.
Não importa aonde vá, nem onde esteja Ele será sempre aquele que nos une:
 O RIO PAJEÚ!
( Crônica lida na FAFOPAI em 21/05/1996)
Publico esta Crônica na esperança de que um dia o Rio Pajeú  e seus afluentes  sejam  finalmente  despoluidos e protegidos  de toda ameaça  dos que não sabem  valorizar um bem  com que a Natureza sabiamente nos presenteou.
Estou pronta não só para abraçar o nosso querido Rio Pajeú, mas também para participar de campanhas em defesa do rio dos poetas.
Que graça tem o sertão sem o Rio Pajeú ? Vamos responder a esta pergunta...
Dulce Lima, 08/07/2010

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