segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Uma janela solidária

Desta janela de pestanas sempre abertas para o sol nascente, recebo comovido o calor da solidariedade que vem do céu e perpassa meu limitado horizonte aqui na terra.
A cabeça já não é o centro do meu fragilizado corpo. Perdi os limites do tempo e do espaço.
As horas são apenas peças de um jogo sem começo e sem fim. As lembranças fugidias misturam presente e passado e excluem o futuro. O mundo gira mesmo diante de minha passividade. Mas a janela permanece aqui... E sobre ela, as nuvens vêm brincar comigo. Nuvens vaqueiras, espertas e ligeiras, que mais parecem flocos de algodão embranquecendo os roçados de uma infância tranqüila e despreocupada. Ou são como anjos solidários num mundo cheio de promessas de paz  infinita, onde reina absoluto o Deus do Amor.
Uma simples janela me traz inconfundíveis lições de convivência, quebrando o silêncio angustiante entre quatro paredes de um hospital:
·         É pequena, mas capaz de alargar horizontes para melhor servir.
·         É igual a muitas outras janelas, porém diferente no seu jeito de olhar e de chegar mais perto dos necessitados.
·         Ela me ensina que as nuvens ,apesar de enfeitarem a minha janela, não são propriedade particular, pois se espalham pelo céu inteiro em busca de outros espaços.
Minha janela solidária é muito mais do que tenta expressar. Ela me traz a certeza de que a humanidade só será feliz quando houver coração pronto para perdoar sem restrições. Para ajudar sem interesses. Para amar sem cobranças.
E tudo me leva a crer que:
Vale a pena ter vivido a grande lição da janela que clareia os caminhos e faz nascer o amor e a compreensão entre todos os irmãos, nesse espaço de  luz que Deus nos concedeu.
Dulce Lima , 31/07/1999

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