segunda-feira, 3 de outubro de 2011

 Crônica de um sol de verão
Oi, sol!
Eis que tu voltas todas as manhãs...
E rachas o ventre das terras sertanejas,
Traçando mosaicos na lama seca dos açudes.
Oi, sol!
 Tu,que ao meio dia
De um verão abrasador,
Acordas a cigarra cantadeira
Com saudades do seu  cantarolar...
 Vê que as juremas floridas gargalham
Ou cochicham de orgulho,
Pois só elas enverdecem
O nosso chão ressequido.
Outrora,
Teus raios dardejantes calaram multidões...
Afagaram o berço de crianças na guerra...
E aqueceram as nossas esperanças.
Quando nuvens negras caiam sobre a terra,
E as sombras  pareciam te ameaçar,
Serviste de horizonte para os  que em terras distantes
Madrugavam os sonhos de uma Pátria Nordestina.

Oi,sol!
Cega, tonta de luz,
Tu me deixas afogada
 Na aquarela ensolarada
Do Sertão do Pajeú!
Bebo a morna energia das tuas manhãs
Que adentram as janelas de minha vida inteira.
E recolho a emoção do teu por do sol,
Aprontando o leito pra noite dormir...

E hoje, ó sol,  sou toda claridade:
Bênção de fogo,  brancura de Paz,
Curtida na trama quente de um verão dourado.

Obrigada, sol, por tantas lágrimas que secaste,
Pelas flores que se abriram à tua passagem...
Pelos girassóis que se encantaram
com  tua brilhante trajetória.
Mais uma vez, 
Oi,  sol,
Obrigada!

(Poema inspirado em texto do pintor, escultor  e poeta  Carlos Vilaró  e ouvido ao por do sol em Casapueblo, Museu  Taller, Punta Ballena- Uruguai,  local  de residência do   artista.)

Um comentário:

Anônimo disse...

Mamae,
mesmo longe e cercada de beleza, cultura e historia, fico sempre procurando uma internet para acessar seu blog.
O texto esta maravilhoso, como sempre.
Beijos com carinho desde Espanha.
Monica