Amolda-se o barro nas mãos do oleiro. Depois de domado e maleável, acomoda-se ao contorno de uma forma para o feitio dos tijolos.
Após o sol fazer a sua parte, é o tijolo queimado vivo para ressurgir não como cinzas, porém como sustentáculo no encaixe e arquitetura das paredes, nas mãos caprichosas do pedreiro.
Assim estaria explicada toda a importância do tijolo na construção de uma casa ou de qualquer edifício público.
Acontece que hoje estou falando de algo especial: “um tijolo de lembranças...”
Quantos anos ele tem?
Talvez mais de um centenário.
Triste ao ver no chão aquela casa bem no meio da ladeira, logo após o sítio de Seu João Tecedor, guardei um tijolo de lembrança. E que lembrança!
TIO DIGU, sábio, de voz agradável e de riqueza vocabular, contava histórias de “trancoso” para crianças que, como eu, ficavam encantadas com o mundo mágico criado pelas palavras daquele velho e autêntico agricultor sertanejo.
Se a casa não mais existe, se os tijolos se espalharam pelo antigo terreiro, se a palavra do meu tio o vendaval do tempo apagou do nosso imaginário, posso ainda dizer como um certo poeta disse: “ POVOA EM CADA CANTO UMA SAUDADE”.
O tijolo agora já não ergue uma pequena parede; mas, para nós da família Pereira,ele é um paredão de lembranças com janelas para um passado feliz e cheio de recordações.
Faço esta homenagem ao querido Tio Digu (Tio De todos) , meu professor especial, grande arquiteto da palavra. E aos primos e amigos que preservam no coração a saudade do sítio Pocinhos.
Tabira, 15/08/1997 e reescrito em 15/08//2010 ( 13 anos depois)
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