sexta-feira, 11 de março de 2011

                 Uma cidade reinventada no Sertão do Cariri


Era quase meio dia. O sol dominava tudo. A cidade parecia adormecida após a folia carnavalesca.
Casas antigas, ruas, a praça e a igreja matriz exibem uma mística, ou
um encantamento que ainda luta para não desaparecer  no Sertão do Cariri.
A Rede Globo ao vivenciar um projeto de descentralização da cultura brasileira deslocou-se para Taperoá , Paraíba, em 2007 onde passou alguns meses construindo uma cidade cenográfica, ensaiando com atores locais e outros da Globo , ate filmar com sucesso a Minissérie A Pedra do Reino, baseada  no livro do escritor  paraibano e ilustre personalidade  Ariano Suassuna.
A cidade cenográfica construída em gesso e madeira; com espelhos e outros materiais da região, tornou-se orgulho do povo de Taperoá. Assim, essa minissérie podia mostrar ao mundo que as culturas nordestina e sertaneja têm raízes ibéricas, árabes e muitos elementos da idade Média.
Com o final das filmagens, a Prefeitura , o Estado da Paraíba e a Fundação Roberto Marinho assinaram um acordo para a não destruição da cidade cenográfica. Homenagem justa aos simpáticos taperoenses e ao escritor e teatrólogo Ariano Suassuna.  As paredes seriam reconstruídas em alvenaria para suportarem os efeitos climáticos da região. E  o local funcionaria como  espaço de cultura e arte dos moradores daquele município.
Não foi o que vimos agora (2011). A cidade cenográfica desapareceu com exceção da misteriosa igrejinha  que ficava no centro da casario..
Aproximei-me para uma foto: lixo, vidros quebrados, restos de madeira podre... triste cenário que nem mesmo a ousadia do  personagem, rei e herói “ Quaderna”  foi capaz de chamar a responsabilidade do Prefeito por tamanho descaso com a cultura taperoense.
“ Ave musa incadescente
Do deserto do sertão!
Forje no Sol do meu sangue,
O Trono do meu clarão:
Cante as pedras encantadas
E a catedral soterrada,
Castelo deste meu chão!”
( Ariano Suassuna, na apresentação do livro A Pedra do Reino)
                                  ( Dulce Lima, 09/03/2011)


3 comentários:

Mariana disse...

Legal! Não fiquei sabendo desta parada estratégica. Mas sendo minha mãe, seria uma oportunidade certa e poveitosa. Lembro muito que quando criança nas viagens para Recife sempre tinha uma brechinha para conhecer um Forte, um Museu, uma praça... Uhnnnn!!!! Quem dera ser assim! Cheiro mãe! te amo muito!

Mônica Mirtes Cordeiro disse...

Talvez porque fosse Quarta de Cinzas,aquele silêncio e quietude de Taperoá me lembrou Macondo, cidade fictícia do livro Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marques... Não se via viva alma nas ruas mágicas da cidade natal de Ariano Suassuna.

Mirna Cordeiro disse...

Mamãe, Taperoá é uma cidade misteriosa com seus encantos. Confesso que o silêncio me deu um certo medo.