" Tu que passas, descobre-te. Ali dorme
O forte que morreu. A. Herculano (Trad..)
Não há como passar indiferente às cruzes que ainda vemos à beira dos caminhos ou das grandes rodovias, principalmente aqui no Nordeste.
São elas testemunhas de acontecimentos trágicos.De momentos que viraram pesadelos. De histórias de vidas que para sempre se calaram. De sonhos desfeitos. De saudades em nós.
Sou capaz de apontar onde ficavam aquelas cruzes no caminho da escola, entre Pocinhos e a cidade de Tabira. Bem... a tarefa hoje já não é tão fácil. As cruzes, todas, foram engolidas pela pressa desaforada e desgovernada da "periferia sem qualidade de vida".
Como uma forma de homenagear as "cruzes da estrada," vamos poetizar o assunto? Faça uma estrofe, ou retire de algum livro e até de suas memórias e publique neste blog. Vamos lembrar aqueles amigos que pereceram vítimas da insensatez do trânsito ou foram tragados pelo destino e ainda por outras circunstâncias.
Paz
Orações
Lembranças de alguém que viveu, sonhou, amou e fez outras pessoas felizes!
Cruzes da estrada
" Aprumada, humilde e suplicante,
Tragicamente negra em seu sombrio porte
A cruz da estrada diz a todo caminhante
Que por ali passou o ciclone da morte.
Passou, não há negar, a cruz testemunhante
Diz bem que ali partiu-se o fio de uma sorte.
Uma ali, outra acolá, outra mais adiante
Dão uns ares tumbais as estradas do norte.
De sangue, algumas são, são cruzes de punhais.
Ou de bala talvez.Causam pavor, passemos
Sem olhar!. Outras são de mortes naturais.
Decrépitos anciões que tombaram, rezemos.
E aquela, toda azul, por entre os pererais?...
Cruz de moça enganada. Cruz de amor. Choremos!"
Do poeta Emídio de Miranda
Texto extraido do livro PINTO VELHO DO MONTEIRO, escrito pelo tabirense Ivo Mascena.
Obs. O livro foi lançado em 2002. Recomendo a leitura do mesmo. Se você nao possui o livro, vá à Biblioteca Pública de Tabira. Se a biblioteca não tem o acervo dos escritores e poetas de Tabira, é lamentável. Mas tente. Seja mais um leitor da "Cidade da poesia".
Um comentário:
Adorei esse poema de Emídio, que aliás é o nome do meu falecido avô, esses versos nos remete a um paradoxo do que são realmente as cruzes na estrada, melhor dizendo, na beira da estrada, o que elas realmente representam e que muitas vezes as pessoas esquecem....
um abraço da sua amiga de Catolé do Rocha Raquel R. Sousa
Postar um comentário